Pensar o futuro: os sete desafios para a educação em Portugal
Após dois anos de pandemia, em que emergiram os vários problemas que condicionam o nosso sistema educativo, é tempo de pensar o futuro.
As circunstâncias assim o exigem, e, dificilmente, elas poderiam ser mais favoráveis, pois o país beneficiará de um quadro de governabilidade favorável, com um governo apoiado numa confortável maioria e um contexto de apoio comunitário de grande fôlego para concretizar reformas fundamentais – nomeadamente, na educação, a área verdadeiramente estruturante para o nosso futuro coletivo.
Para tal, e em nome do rigor, do planeamento e da visão estratégica que devem prevalecer, identifica-se aqueles que serão os sete desafios mais significativos e sobre os quais deve haver um amplo debate e a definição de uma política sustentada e de horizontes largos:
1. A urgência de uma reforma curricular. A esmagadora maioria dos programas são datados da era pré-digital, e as aprendizagens essenciais (uma boa ideia) não passam de uma síntese desses documentos. Em 2022, em plena era da informação e do conhecimento, temos de pensar o currículo para uma educação de qualidade que forme e capacite as novas gerações.
2. Até 2030 vão sair do sistema educativo 50 mil professores. Não é possível repor estes profissionais com recurso apenas à formação inicial, que tem de ser repensada. É necessária uma estratégia para rejuvenescer a classe docente, dignificar a docência, reter e atrair os melhores para a profissão.
3. Somos o país da Europa com a maior percentagem de decisão centralizada. É necessário reforçar a autonomia das escolas, partilhando poder para decidir, meios para concretizar e ferramentas para acompanhamento.
4. Há um número significativo de edifícios escolares que necessitam de intervenção urgente de recuperação, para garantir ambientes escolares confortáveis e de qualidade. O argumento orçamental não colhe. É tão-só uma decisão política.
5. Há mais de 20 anos que a internet e as TIC fazem parte do nosso quotidiano, com importante papel no nosso desenvolvimento. Urge um plano de modernização tecnológica e digitalização para as escolas que não se fique pela distribuição de equipamentos, mas garanta formação, apoio técnico, conteúdos digitais, integre serviços, sistemas de gestão e modos de relação entre a comunidade escolar. A realidade atual é um caos crescente, com cada vez mais ineficiências que prejudicam o serviço prestado e a vida das comunidades escolares.
6. Portugal deve investir rapidamente na universalização do acesso gratuito à educação na primeira infância, dos 0 aos 5 anos, integrando as redes pública, privada e social. É a melhor forma de apoiar as famílias, um importante contributo para aumentar a natalidade e combater o envelhecimento.
7. As instituições públicas de ensino superior devem gozar de autonomia para definir critérios de admissão e selecionar os seus alunos, separando-se as provas nacionais ao nível do ensino secundário do acesso ao ensino superior.
Fonte: https://www.dn.pt/
Pedro Patacho
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